Caso Cláudia Lobo: 2º dia de Júri dos acusados de matar ex-secretária da Apae tem debates da acusação e defesa
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Segundo dia de julgamento de acusados pela morte de Cláudia Lobo movimenta Fórum de Bauru
Entra no segundo dia, nesta sexta-feira (10), o júri popular do ex-presidente da Apae de Bauru (SP), Roberto Franceschetti Filho, e do auxiliar de almoxarifado da entidade, Dilomar Batista, réus no processo do desaparecimento e assassinato da ex-secretária da instituição, Cláudia Lobo.
Nesta sexta-feira (10), é realizada a fase de debates e também a votação dos jurados que pode condenar ou absolver os dois acusados pela de Cláudia Lobo. No debate, são apresentadas as falas do promotor e do assistente de acusação e na sequência das defesas. Após essa fase, tem a votação dos jurados, que é o julgamento.
O júri vai decidir se o crime aconteceu, se os acusados são os autores e se devem ser condenados ou absolvidos. Podem votar também em atenuantes e qualificadores do crime. A decisão do tempo de cumprimento de pena é do juiz.
Letícia, filha de Cláudia Lobo, chega no Fórum para o segundo dia de julgamento em Bauru
Raíssa Toledo/ TV TEM
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No primeiro dia do julgamento, que começou por volta das 9h desta quinta-feira (9), foram ouvidas as testemunhas de defesa e acusação, além dos depoimentos dos réus. Essa primeira fase do julgamento acabou no início da noite. (Veja mais detalhes a baixo).
Ao todo, cinco testemunhas foram indicadas pela acusação, representada pelo Ministério Público, e pelo assistente de acusação. A defesa de Roberto Franceschetti indicou cinco testemunhas, e de Dilomar Batista, duas.
Roberto Francheschetti Filho e Dilomar Batista são os principais suspeito no Caso Cláudia Lobo
Andressa Lara/TV TEM
Primeiro dia de julgamento
Roberto Franceschetti Filho, que estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos (SP), foi transferido para o CDP de Bauru para participar presencialmente do júri. No primeiro dia, ele chegou ao Fórum em um veículo da Secretária de Administração Penitenciária (SAP), foi escoltado por policiais e não falou com imprensa. (Veja abaixo).
Acusado de matar ex-secretária da Apae, Roberto Franceschetti Filho chega no Fórum
Já defesa do outro réu, Dilomar Batista, falou sobre a expectativa para o júri.
“O Dilomar é réu confesso tanto na fraude processual quanto na ocultação de cadáver. Então a tese da defesa é que ele teve uma coação moral irresistível pelas várias ameaças que o Roberto fez à sua família, sua integridade física, isso é comprovado nos autos através de várias mensagens e até do posicionamento dos carros próximo à casa do Dilomar”, destacou o advogado Thiago Tezani.
Na sequência, Letícia Lobo, filha de Cláudia, chegou acompanhada de familiares e dos advogados e não quis falar com a imprensa. Ela foi uma das testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia e responde em liberdade no outro processo que investiga o desvio de dinheiro na Apae.
“A Letícia espera que os autores dos crimes cometidos contra a mãe dela, do homicídio, da destruição do cadáver, sejam responsabilizados. Essa é a nossa confiança, é isso que nós acreditamos que vai acontecer hoje no júri”, disse o advogado Alisson Caridi, que representa a família de Cláudia.
Caso Cláudia Lobo: advogado de acusação chega ao fórum para o júri em Bauru
Sete jurados foram sorteados, quatro mulheres e três homens. Após o sorteio, o juiz deu um tempo para eles lerem os documentos do processo. Na sequência, começaram as oitivas das testemunhas. Os delegados Gláucio Eduardo Stoco e Cledson Nascimento foram os primeiros a prestar depoimento pela acusação.
Responsável pela investigação do homicídio, Cledson falou por mais de uma hora, um dos depoimentos mais longos da manhã. Depois foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa durante a manhã e também no período da tarde. Pela manhã, além dos delegados, foram ouvidos também um investigador da polícia e Letícia Lobo, filha de Cláudia Lobo.
Letícia respondeu perguntas sobre a conduta de Roberto no dia do crime e em nenhum momento do julgamento olhou para o réu. Já Roberto acompanhou atento todo o depoimento e só desviou o olhar quando seu nome era citado.
A filha da ex-secretária disse que percebeu só depois dele ser considerado suspeito do crime, que Roberto era o único que não dizia que a mãe dela seria encontrada. Nesse momento, ela se emocionou e chorou. Letícia também reforçou que Roberto e mãe eram muito próximos e Cláudia compartilhava várias informações pessoais e íntimas com ele.
Letícia chegou ao Fórum de Bauru acompanhada do advogado no primeiro dia de julgamento
Andressa Lara / TV TEM
Depois do depoimento de Letícia, o juiz determinou um intervalo e os depoimentos fora retomados no período da tarde, por volta das 15h30.
Nesta etapa, a primeira a ser ouvida foi a psicóloga Jéssica Perota Xavier, que trabalha na Apae. Ela disse que conversou com o Dilomar no dia seguinte do desaparecimento de Cláudia e ouviu dele a expressão “deu ruim” quando soube, pelas câmeras de segurança, que ele havia abandonado em uma rua o carro utilizado pela ex-secretária.
Ela também confirmou detalhes sobre o terreno utilizado para queima de materiais da Apae, local onde o corpo de Cláudia teria sido ocultado. Na sequência, houve o testemunho de Maguina Cristina Cardoso, que trabalhava na limpeza de um imóvel próximo ao local de ocultação do corpo.
Ela confirmou a presença de Dilomar na área e disse que inclusive conversou brevemente com ele. O primo de Cláudia Lobo e ex-motorista da Apae também prestou depoimento. Fernando Sheridan confirmou que a prima e Roberto tiveram uma reunião no dia 6 de agosto de 2024 por volta das 14h.
Um perito e teve uma testemunha protegida falaram na sequência e ainda teve o depoimento de Dilomar Batista e Roberto. Dilomar confirmou toda a versão que vinha mantendo até agora de que tinha sido ameaçado, coagido e afirmou que os áudios que foram divulgados sobre uma suposta manutenção em um telhado se referem realmente ao fato dele finalizar o trabalho no local onde o corpo de Cláudia teria sido queimado.
Já o Roberto chorou em vários momentos do depoimento, negou o envolvimento e disse que no dia ele, a Cláudia e o Dilomar, que também estaria no veículo, foram acertar contas com um agiota e nega, portanto, o envolvimento no crime.
Homicídio e ocultação do corpo
Polícia Civil confirma que funcionária da Apae desaparecida foi assassinada
Roberto Francheschetti responde pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Ele foi preso no dia 15 de agosto de 2024 como o principal suspeito no desaparecimento e assassinato de Cláudia, vista pela última vez no dia 8 de agosto de 2024.
Sem levar bolsa ou celular e com a justificativa de que precisava sair para "resolver algumas coisas do trabalho", Cláudia saiu da Apae em um veículo da entidade que foi encontrado apenas no dia seguinte, abandonado em uma rua do bairro Vila Dutra, com vestígios de sangue.
Imagens provam que presidente da Apae de Bauru esteve com funcionária morta
Câmeras de segurança registraram Cláudia e Roberto neste mesmo veículo, trocando de lugar. Segundo a Polícia Civil, foi nesse momento que ele teria atirado contra a ex-secretária. Veja nas imagens acima.
Dilomar Batista teve a prisão preventiva negada e responde em liberdade, sendo acusado de fraude processual e ocultação de cadáver. O ex-funcionário da instituição confirmou os fatos relacionados à ocultação do corpo da vítima durante as audiências do caso, no dia 16 de janeiro de 2025
Desvio milionários
Além do processo por homicídio, Roberto Francheschetti também é investigado por um esquema de desvio de verbas na Apae, que teria, inclusive, motivado o assassinato de Cláudia.
Presos suspeitos de desvios milionários na Apae de Bauru
Reprodução/TV TEM
As investigações sobre o suposto esquema de desvios, que envolvem também parentes de Cláudia, continuam em andamento pelo setor especializado em crimes de lavagem de dinheiro da Polícia Civil - o Seccold - e também pelo Gaeco.
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Além das nove pessoas que chegaram a ser presas por suspeita de envolvimento no esquema, outras quatro são investigadas. Com exceção de Roberto, preso pelo desaparecimento e morte de Cláudia, os demais suspeitos são investigados em liberdade.
O Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) pediu o ressarcimento de R$ 10 milhões aos envolvidos por desvios na Apae. Veja mais detalhes do caso na reportagem abaixo.
Desvio milionário e assassinato: os bastidores de um crime envolvendo a Apae de Bauru
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